O comércio eletrônico brasileiro já tem 27 milhões de consumidores e a expectativa de crescimento para o segundo semestre é de 26%.
Por Mauricio Salvador
O Brasil aprendeu em 2008 que as crises globais que são anunciadas nos jornais não são necessariamente as mesmas vivenciadas nas ruas do país. Enquanto o mundo assistiu à queda de bancos e indústrias americanas, por aqui a “marolinha” bateu fraca nas compras de final de ano.
Em 2011 a coisa não parece ser diferente. A expectativa de crescimento do comércio eletrônico brasileiro para o segundo semestre é de 26%. Nada mal para um mercado que já tem mais de 27 milhões de consumidores.
Mesmo no varejo físico, as expectativas para o trimestre mais importante do ano, são animadoras. Segundo Alberto Serrentino, sócio sênior da GS&MD, os balanços do 2º trimestre publicados pelas empresas mostram forte crescimento em vendas absolutas e em lojas comparáveis, como Magazine Luiza (+37% e +14,4%), Arezzo (+21%), Marisa (+25% e +10,8%) e Grupo Pão de Açúcar (+10% e +9,3%).
Ainda segundo Serrentino, a confiança dos consumidores, que teve seu menor nível em outubro de 2008, recuperou-se e atingiu o pico histórico em novembro de 2010 e segue em patamar elevado.
Para Marcos Gouvêa de Souza, diretor geral da GS&MD, existe uma visão muito distinta entre varejistas e instituições financeiras. Ao menor sinal de possíveis turbulências econômicas, o instinto de auto-preservação das empresas financeiras pede medidas restritivas de crédito, com redução de prazos de financiamento, aumento de taxas e de restrições para concessão de crédito, que funcionam como elementos desestimuladores de consumo.
Marcos completa que para os varejistas o raciocínio tende a ser o contrário, pois, com alguma sinalização de redução de vendas, tendem a usar o crédito como elemento alavancador de consumo, buscando ampliar prazos, oferecer planos mais estimuladores e induzir o consumidor a ir às compras.
Voltando a 2008, no último trimestre, período de maior influência da crise, o comércio eletrônico brasileiro cresceu 30%. Mesmo nos Estados Unidos, epicentro da crise, o crescimento do ecommerce foi de 6%, caminho inverso de todos os índices de outros setores, que apresentaram declínio.
Ferramentas como comparação de preços, entrega expressa e avaliações de outros consumidores, se mostram importantes catalisadores na decisão de compra das pessoas, mais desconfiadas em época de crise, se estão realmente fazendo um bom negócio.
Para o final de 2011, os consumidores já mostram sinais de que continuarão comprando, seja no off ou no online. Para a indústria e os varejistas brasileiros, resta assistirem a crise nos jornais, quase que em ritmo de telenovela, enquanto se preparam para mais um período de aumento nas vendas.