Entre o valor da comunicação e o da commodity

As grandes transformações trazidas pela tecnologia, com a utilização de múltiplas mídias e plataformas de forma integrada, mudaram radicalmente a forma de fazer comunicação, de trabalhar e pensar as ações e as estratégias. Mas uma coisa não se alterou: a criatividade e as boas ideias continuam sendo a essência das agências de comunicação, sejam elas de publicidade, promoção, eventos, live marketing, digital ou de outras disciplinas relacionadas.

Ao mesmo tempo em que a tecnologia criou novas ferramentas de comunicação e rompeu barreiras de contato com os diversos públicos, trouxe novos desafios às agências, como integrar e lidar com todo esse novo universo. A complexidade deste cenário, mais uma vez, exige o que as agências de propaganda e de comunicação sabem fazer de melhor: ter boas ideias, criatividade, planejar com base no conhecimento de mercado, entender os consumidores e os clientes, e responder a eles com ações que os informem, cativem e fidelizem.

Este é o maior valor do trabalho das agências de propaganda, e que nada tem de simples, fácil e (tampouco deveria ter) de barato. Das agências, saem ideias e criações que nenhuma relação tem com a negociação das commodities - estes produtos básicos que alimentam a pauta de exportação brasileira, mas que, caso tivessem maior valor agregado em termos de produção, poderiam contribuir ainda mais para o desenvolvimento econômico brasileiro.

Nós, publicitários, temos como missão gerar valor para o cliente, para os seus produtos e serviços, para a construção de sua imagem e, principalmente, para os consumidores e clientes. Em uma economia na qual os custos são hoje fortemente pressionados, os preços enfrentam resistência para acompanhar essa alta de custos, e a globalização ainda gera forte impacto em termos de concorrência, tornou-se mais difícil alcançar a remuneração devida para a nossa atividade - embora as centenas de prêmios conquistados pelas agências brasileiras em Cannes e em outros festivais estejam aí para mostrar que qualidade e reconhecimento não nos faltam.

Dentro da nova lógica da sociedade contemporânea, sabemos que o caminho para superar os desafios em geral é o da cooperação e do entendimento. No setor da propaganda, isto se traduz no estabelecimento de relações equilibradas entre agências e clientes, que permitam encontrar os melhores caminhos, os mais criativos e eficazes. Esta integração de ideias, conhecimentos e recursos, a busca da evolução e do desenvolvimento maior da nossa atividade pode trazer benefícios evidentes para as marcas, para o mercado e os consumidores, que hoje também não querem apenas uma commodity. Até mesmo as classes emergentes exigem seus direitos de escolher o que consideram o melhor produto. E cativar esse consumidor é um desafio cada vez maior, face à diversidade de produtos e à avalanche de informações que tornam suas escolhas mais complexas.

As agências de publicidade, como um braço de inteligência das marcas, devem se renovar constantemente, discutir e buscar soluções para fazer frente a esses novos desafios, que, uma vez solucionados, irão gerar valor para todos. Nesse sentido, entidades do setor têm buscado estimular esse debate e a difusão de novos conhecimentos.

Foi nesse contexto que, recentemente, em Porto Alegre, foi realizado o ENAA (1º Encontro Nacional de Anunciantes e Agências), o qual debateu essas e outras questões relevantes para o setor. O evento, que reuniu 800 pessoas, discutiu estratégias inovadoras para alavancar os negócios através da comunicação, assim como ampliar o debate entre esta cadeia, que envolve anunciantes, agências, veículos e fornecedores especializados. Um dos pontos importantes apresentados é que, em um mundo cada vez mais digital, a mídia tradicional vai coexistir com as novas mídias, e as agências têm um papel importante na definição dessas estratégias.

Nosso setor se fortalecerá e crescerá ainda mais com iniciativas como esta, que promovam o debate e o conhecimento, e principalmente se as agências e anunciantes trabalharem juntos. Esta postura construtiva elevará a percepção das agências como parceiras estratégicas para as marcas e os anunciantes.


Por Gláucio Binder - presidente da  FENAPRO (Federação Nacional das Agências de Propaganda)
Redação AdNews

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